segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Professores das AECs não querem ter vidas adiadas




criar PDFversão para impressãoenviar por e-mail
06-Dez-2009
Professores das AEC do Porto estiveram reunidos e decidiram encetar forma de luta"Estes professores ganham por aula [o outro tempo passado na escola em trabalho não é remunerado], à hora, sem subsídio de férias nem de Natal".
Neste Sábado de manhã, o Sindicato dos Professores do Norte recebeu um conjunto de professoras e professores para discutir o problema das AECs (Actividades de Enriquecimento Curricular ).
Texto de Paula Sequeiros
De que se trata? As crianças do primeiro ciclo passaram ter os seus tempos livres ocupados com Actividades de Enriquecimento Curricular como o Inglês ou a Música. Até aqui tudo bem, quem trabalha precisa de saber que os filhos estão bem ocupadas nas escolas até que os possa ir buscar. Qual o problema então? O problema é que em muitas localidades os professores encarregues dessas actividades estão a ser contratados de forma precária e indigna(ver no final o vídeo sobre as contratações para escolas do Porto que tiveram lugar numa garagem).
O Ministério da Educação passou a competência das contratações às autarquias e estas, em geral, entregaram essa tarefa a empresas privadas que subcontratam por sua vez. No Porto a situação de falta de garantias laborais é particularmente grave.
"Temos um contrato de prestação de serviços, mas o que fazemos não o é, é uma necessidade permanente. Estes professores ganham por aula [o outro tempo passado na escola em trabalho não e remunerado], à hora, sem subsídio de férias nem de Natal". "Temos a vida adiada!", afirma outra professora.
Henrique Borges do Secretariado Nacional da FENPROF e membro da Direcção do SPN recebeu as e os professores. Marcaram também presença os movimentos FERVE e Precários Inflexíveis.
Rapidamente nos apercebemos das condições em que trabalham estas professoras: aos jornalistas duma cadeia de televisão presentes pedem que não revelem a sua identidade com a tomada de imagens, o medo de represálias é generalizado. "Eu tenho filhos!", esclarece um deles, as ameaças, em caso de reivindicação, têm sido frequentes.
Henrique Borges fez questão de nos dizer que a principal reivindicação não é salarial mas de estabilidade na profissão. Outros intervenientes avançaram mais: o que está em causa não é só a situação dos "profes" das AECs. Estão sim convencidos de que é um modelo que está a ser testado no sentido de ser aplicado depois à generalidade da escola pública.
A luta portanto é de todas e todos os professores, essa é uma ideia forte que esteve presente nas palavras de vários intervenientes.
E é uma situação que interessa também a pais e mães: nestas condições de trabalho, instável, sempre em mudança, onde muitas vezes se trabalha só para fazer currículo, mesmo perdendo dinheiro, as crianças acabam a ser muito prejudicadas.
Da parte do Sindicato foi dada a informação de que tanto a Câmara como a Direcção Regional da Educação tinham já sido contactadas. A única resposta da Câmara do Porto foi informar quanto está a receber cada professor, mas não é essa a principal questão (ver no final da notícia o vídeo com declarações de Vereador da Câmara do Porto e informação sobre condições de remuneração). Entretanto a DREN afirmou mostrar-se sensibilizada para esta questão e manifestou-se disponível para a ajudar resolver.
O debate generaliza-se, cada qual dá conta das suas experiências. "Antes os professores de Inglês eram recrutados através da Faculdade de Letra e eram portanto qualificados; agora isso já não acontece e muitos professores com mais anos de serviço deixaram de dar aulas no Porto para irem para outras autarquias onde há melhores condições".
Henrique Borges frisou a necessidade de solidariedade entre professores mesmo os que já têm carreira estabelecida. E alertou para o facto de que o neo-liberalismo está a atacar a situação do trabalho de várias formas, uma delas aqui em concreto, é a intenção do Ministério de introduzir uma prova de acesso na carreira. A ideia aprece apelativa, mas é realmente perigosa. Se há um estágio e é concluído com sucesso para quê novas provas? É além do mais o estabelecimento duma desconfiança em relação às instituições envolvidas nos estágios. Tudo isto não são critérios pedagógicos mas sim criação de dificuldades na carreira.
Algumas pessoas denunciaram o facto de que só no primeiro ano é que a Câmara comprou os manuais para os alunos com o dinheiro para isso previamente destinado, agora são os pais a ter de os comprar.
Cristina Andrade do movimento FERVE (Fartos destes Recibos Verdes) manifestou a solidariedade e apoio a estes professores, frisando a necessidade de estabelecer pontes entre todos os profissionais independentemente de seu vínculos contratual.
Tiago Gillot, do movimento Precários Inflexíveis afirmou que desde início se preocupam com a situação das AECs. É de opinião que a escola a tempo inteiro e aquelas actividades serviram realmente para dar um ar moderno à política educativa. A ocupação dos tempos pode ser bem recebido pelos pais, mas não pode ser feito à custa de direitos laborais. Referiu que esta luta começa a ganhar visibilidade, como em Abrantes onde um grupo de professores se demitiu colectivamente por a empresa que os contratou não lhes pagar. Apelou aos professores para que denunciem a forma como foram recrutados e que se faça um levantamento de quantos estão nesta situação, o que se passa em caso de doença, quais são os seus direitos, que casos concretos existem em cada sítio. Lembrou ainda que Valter Lemos garantiu, no fim do mandato, que iria resolver todas as irregularidades de contratação nas AECs.
Um professor referiu, com agrado, que há Associações de Pais lhe têm enviado e-mails de apoio às suas reivindicações.
Desta reunião saiu a decisão de encetar uma forma de luta que consiga apoios vários, nomeadamente de associações de pais, e que adquira uma dimensão pública e difusão junto da comunicação social que garantam visibilidade a esta luta. Um dossiê para enviar ao Provedor da Justiça será também, entretanto, preparado.
Vídeos:
Professores contestam a Câmara do Porto e Edutec!!!
Foi numa oficina em Matosinhos que decorreram as reuniões que levaram à contratação cerca de 150 professores para as escolas primárias do Porto. Esta é apenas a primeira estranheza relatada à SIC...
Vereador Vladimir Feliz fala de barriga cheia!!!
O Vereador da Educação, Vladimir Feliz, está a falar de barriga (bolsos) cheia, pois há 4 anos a Câmara do Porto recebia do FEDER 20€/aula leccionada. Desses 20€ os docentes recebiam apenas 8€/aula...

af




0 comentários:

Enviar um comentário